Livro: Grande Sertão: Veredas

Autores(as): João Guimarães Rosa
Editora: Nova Fronteira
Páginas: 624
Nota: 5/5 (ótimo)



"O amor? Pássaro que põe ovos de ferro."

Considerado um dos clássicos da literatura brasileira, Grande Sertão: Veredas é um desafio ao leitor, que deve percorrer as mais de seiscentas páginas da obra atento, não apenas ao vocabulário repleto de neologismos, mas também ao jogo que o romance se propõe a estruturar.
A história poderia ser sobre o jagunço Riobaldo, mas é também, ou talvez principalmente, sobre o sertão. Qual sertão? A obra é estruturada a partir da fala de Riobaldo, que conta a sua história a um "doutor da cidade", um viajante que procura conhecer o sertão. O diálogo, no entanto, é inexistente; a única voz é a do sertanejo, pois somente o sertanejo conhece o sertão.

O discurso de Riobaldo constitui, no limite, uma tentativa de desconstrução do espaço do sertão, que acaba sendo relativizado. O sertão constitui o indefinido, podendo estar em toda parte e dentro de cada um.

"Bolas, ora. Senhor vê, o senhor sabe. Sertão é o penal, criminal. Sertão é onde o homem tem de ter a dura nuca e mão quadrada."

Se, por um lado, é o sertanejo quem veicula a história, por outro, pode-se perceber que não se trata do registro de uma fala informal, mas de uma oralidade altamente estilizada, fruto de um magnífico trabalho com a linguagem, que se reflete não somente nos neologismos e vocábulos utilizados como também na estrutura da prosa, que ganha um ritmo de poesia, aproximando-se de uma história de cordel.
Caracteres formais à parte, Grande Sertão: Veredas é um faroeste sertanejo em que o diabo e o amor se apresentam quase como personagens. O romance da obra é protagonizado por Riobaldo e Diadorim e permeado pelas dúvidas acerca da definição do sertão, da existência do diabo e do que é a própria vida do sujeito.
Um romance longo e cansativo, mas, sem dúvidas, inesquecível. Um daqueles livros que marcam para o resto da vida e que possuem um espaço garantido na cabeceira.

"Meu corpo gostava de Diadorim. Estendi a mão, para suas formas; mas, quando ia, bobamente, ele me olhou - os olhos dele não me deixaram. Diadorim, sério, testalto. Tive um gelo. Só os olhos negavam. Vi - ele mesmo não percebeu nada. Mas, nem eu; tinha percebido? Eu estava me sabendo? Meu corpo gostava do corpo dele, na sala do teatro. Maiormente. As tristezas ao redor de nós, como quando carrega para toda chuva. Eu podia pôr os braços na testa, ficar assim, lôrpa, sem encaminhamento nenhum? Que é que queria?"




4 Comentários

  1. Eu tenho loucura por ler esse livro, mais o corre corre do dia a dia me impedi até mesmo de comprar... rs rs
    http://crismaria2013.blogspot.com.br/
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  2. Esse é um livro que eu acho que todos deveriam ler, um clássico, mas com a correria do dia a dia ainda não tive tempo de ler =/
    Bjinhos
    FB http://kmilaassis.blogspot.com.br/

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    1. É verdade... Ah, mas quando você tiver uma oportunidade, você vai adorar! Beijos

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