Leitura Rápida- Isso é outra coisa que de certa forma me incomoda. Eu leio muito rápido e gostaria de ler mais devagar. Claro, eu saboreio a leitura, viajo na imaginação e tudo mais. Porém de uma forma muito rápido e muitas vezes tenho que voltar algumas páginas pois me perco no assunto.
Alguém tem alguma dica para me dar?
"antes de eu nascer o mundo era uma foto desbotada
dos meus pais à beira da piscina
esperando que algo fantástico acontecesse (eu).
depois que eu morrer espero que vocês tenham
a decência de retomar esse marasmo."
Na contramão do que costumo fazer, isto é, resenhar obras já consagradas ou canônicas, hoje escolhi uma obra bastante recente e que, logo na primeira leitura, me conquistou: "Ligue os pontos - poemas de amor e big bang". Este é o segundo livro de Gregório Duvivier, que se destaca também como humorista, no canal Porta dos Fundos, e como colunista da Folha de São Paulo.
Gregório alcançou nesta obra um difícil equilíbrio entre a melancolia e a animação. Trata-se de um misto de sentimentos que, apesar de suas essências diversas, comungam-se em versos livres e libertadores, além de incrivelmente fortes.
Confesso que fui surpreendida pela obra, que, ao mesmo tempo, tão simples e tão densa, deixa um gostinho de quero mais. Uma celebração pura do amor se desenrola ao longo das páginas, dando espaço também a várias facetas do existir humano: família, saudades, vida urbana, sociedade...
"o mês de agosto parece o bairro
de são conrado. é difícil atravessá-lo
às vezes demora meses sobretudo
quando chova mas é inevitável
passar por ele - é inevitável"
Um daqueles livros que poderiam ser lidos em pouco tempo, quiça em uma hora, mas que acabam sendo o preferido de todos os dias, sempre sendo relido, e, a cada vez, de maneira mais satisfatória.
não me faria falta o carnaval do rio
o ipod o iphone o iogurte grego
o mate de galão ou o miojo
de galinha caipira eu viveria feliz
por meses entre múmias e deuses
com cara de cachorro — ou quase:
a única invenção cuja inexistência
me obrigaria a tomar o cianureto
mais em voga das maravilhas do mundo
moderno a única que me faria falta
é você (e talvez quem sabe o ar
condicionado, mas sobretudo você)."
Aí eu decidi que ia escrever. Afinal, qualquer bobeira é melhor que o vazio. O primeiro raio de sol já pode ser a salvação da treva de uma noite eterna. E escrever é o raio de sol de cada madrugada, de cada insônia. Eu não durmo na noite fria, a escuridão me apavora e me atrai. Eu só durmo quando vejo o primeiro raio de sol. Que é pra me acalmar, pra me levar pr'aquele estado de ócio e preguiça que me faz dormir e até sonhar, de vez em quando. É por isso que eu escrevo, pra me acalmar, pra aquecer meu corpo e iluminar minha mente. Pode ser sábado ou terça feira e eu posso estar sozinha, mas enquanto eu tiver minhas palavras, estou acolhida. O "amar" é uma metonímia, menina. (Tenho que me lembrar disso a cada 15 minutos). Você acha que se um amor acabou, todos acabaram também, mas é mentira. Não é bem assim. Vai ficar tudo bem. O primeiro lumiar do sol já vai chegar e você vai descansar depois dessa longa noite, vai sonhar com um lugar bonito... Vai sonhar. Outras e outras noites estão por vir e você vai precisar ser forte e saber que uma hora ou outra amanhece. E fica tudo bem. Fica tudo certo. Começa e recomeça. Mesmo com tantos fins.